Vegetação e correntes marítimas em Cabo Verde

Os efeitos da Corrente das Canárias na vegetação de Cabo Verde

Os efeitos da Corrente das Canárias na vegetação de Cabo Verde são indirectos mas significativos, em grande parte resultado da influência da corrente no clima das ilhas. Uma vez que Cabo Verde se situa ao largo da costa noroeste de África, o arquipélago encontra-se sob os efeitos climáticos da Corrente das Canárias, o que tem diversas repercussões na sua vegetação e ecossistema:

1. Modulação do Clima: A Corrente das Canárias contribui para o arrefecimento das temperaturas da superfície do mar em torno de Cabo Verde. Este efeito de arrefecimento é parcialmente responsável pela condição relativamente árida das ilhas porque a água mais fria resulta em menos evaporação e, portanto, menos precipitação sobre a terra. As ilhas apresentam um clima semidesértico a desértico, com chuvas dispersas e irregulares. Consequentemente, a vegetação está adaptada a estas condições áridas.

2.º Escassez de água e flora resistente à seca: Devido às chuvas limitadas, as plantas em Cabo Verde são tipicamente xerófitas, o que significa que estão adaptadas para sobreviver com o mínimo de água. Vegetações como suculentas que podem armazenar água, pequenos arbustos e plantas perenes de folhas duras são comuns. As árvores não são muito difundidas, exceto em zonas mais abrigadas, onde pode haver um pouco mais de humidade e proteção solar.

3. Influência na fertilidade do solo: A ressurgência associada à Corrente das Canárias enriquece o ecossistema marinho com nutrientes, mas este benefício não se estende ao solo das ilhas, que permanece relativamente pobre em nutrientes e sujeito à erosão. A falta de uma camada significativa de solo fértil, agravada pelas condições áridas, limita a diversidade de vegetação que pode prosperar nas ilhas.

4. Impacto nas Práticas Agrícolas: Os agricultores de Cabo Verde devem trabalhar com os desafios colocados pelo clima seco induzido pela Corrente das Canárias. Como tal, as práticas agrícolas centram-se frequentemente em áreas onde a água pode ser conservada ou onde as condições naturais permitem mais humidade. Isto inclui a agricultura em socalcos e o cultivo de culturas resistentes à seca.

5. Microclimas e bolsas de vegetação: Embora a Corrente das Canárias contribua para a aridez geral de Cabo Verde, também ajuda a gerar microclimas, especialmente em ilhas montanhosas onde altitudes mais elevadas podem reter a humidade das nuvens. Nestes microclimas, poderá encontrar-se uma vegetação mais exuberante e verde, incluindo espécies raras de plantas endémicas que se adaptaram às condições únicas das ilhas.

Em síntese, o efeito de arrefecimento da Corrente das Canárias no mar em redor das ilhas contribui para as condições secas e áridas que dominam a paisagem cabo-verdiana. Como resultado, a vegetação encontrada nas ilhas é composta principalmente por espécies que se adaptaram a recursos hídricos limitados e chuvas esporádicas, com bolsas de maior biodiversidade onde os microclimas permitem condições ligeiramente mais exuberantes.

O fenómeno dos 'giros' maritimos 

Agora estamos a mergulhar no fascinante mundo da oceanografia enquanto exploramos o fenómeno dos 'giros'. ' Pense num remoinho como um remoinho colossal no oceano, mas em vez de fazer girar a água pelo ralo, este remoinho espalha-se por vastas extensões de mar aberto.

Então, o que é exatamente um giro? Um giro é um grande sistema de correntes oceânicas circulares formadas pelos padrões de vento da Terra e pelas forças criadas pela rotação do planeta. Estas forças são principalmente o efeito Coriolis, que desvia o percurso dos objetos em movimento (como o vento e a água) para a direita no Hemisfério Norte e para a esquerda no Hemisfério Sul, e a força centrífuga, que afasta os objetos do centro de rotação.

Existem cinco grandes giros oceânicos: os giros do Atlântico Norte e Sul, os giros do Pacífico Norte e Sul e o giro do Oceano Índico.

Imagine que está num parque infantil, girando um carrossel. À medida que gira, os artigos colocados no carrossel movem-se para fora devido à força centrífuga. Agora, se colocasse uma bola sobre ela, essa bola não só iria diretamente do centro para a borda, como também se curvaria à medida que se movesse para fora. Esta curvatura é semelhante ao efeito de Coriolis que vemos na Terra.

Em termos de clima global, os giros desempenham um papel monumental. Facilitam a transferência de calor das regiões equatoriais para os pólos, o que ajuda a regular o nosso clima. A água quente perto do equador é movida para latitudes mais elevadas, onde arrefece e afunda, enquanto a água mais fria é trazida de volta para o equador para aquecer, criando uma correia transportadora de circulação oceânica.

Mas porque nos devemos preocupar com estes enormes redemoinhos de água? Ora, os giros também afetam a vida marinha, distribuindo nutrientes pelos oceanos. Determinam para onde muitos animais marinhos se alimentam e migram, e também impactam a vida humana, determinando padrões climáticos, afetando as rotas marítimas e, infelizmente, concentrando poluentes em determinadas áreas, como a infame Grande Mancha de Lixo do Pacífico.

É importante compreender a dinâmica dos giros porque o seu comportamento pode alterar-se com as alterações climáticas, o que pode ter efeitos profundos nos padrões climáticos, nas temperaturas do mar e na saúde dos ecossistemas marinhos.